terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ouvindo o quarteto op 131, the Beethoven
A música é, diz-se, o indizível por ser de inexprimível sentimento da consciência, ou do estado da alma, ou uma amargura tão extrema e lúcida que passa das palavras para ser apenas o ritmo e os sons e os timbres só pelos músicos cientes de harmonia e de composição imaginados. Mas, se assim fosse, eles só dos homens saberiam mover-se nos espaços que a humanidade abandonada encontra nos desertos de si. Começariam onde a expressão verbal não se articula por impossível .Viveriam sempre na fímbria estreita à beira da maldade e do absurdo, como que suspensos na solidão da morte sem palavras. Não é, portanto, a música o limite ilimitado dos limites da linguagem, para dizer -se o que não é dizível. Mas, se não é, que dizem(...), neste discreto passeio pelo tempo, os (...) instrumentos(...) no seu modo de criarem som? Tão terrível.Sufocante.Doce ou agridoce desconcerto hármonico.Que diz?Que diz?Neste contínuo de temas e andamentos, de tonalidades. o que se justifica?Que discutem eles? A sua mesma natureza de instrumentos e as combinações até ao infinito de um mecanismo abstracto do imaginar? Como pode uma coisa de sentimentos medonha, tão visionariamente séria e pensativa, ser irresponsável? Será que nos diz do aquém, do abaixo,do infra, do primário, do barbárico, do animal sem alma e sem razão? Será que todo este rigor tão belo é como que a estrutura prévia de que existimos ao pensar as coisas? E não a quintessência depurada de uma estrutura que se consentiu todo o significar a que as palavras vieram da analogia nominal e mágica até à consciência dos universais? Não há tristeza alguma nesta vida transformada em puro som, em homogénea outra realidade? Não é de angustia este rasgar melódico da consciência antes de criar-se humana? De que, portanto, vem esse triunfo que se precipita, contraditório, nas arcadas dos instrumentos conversando essências? E simples convenção? É artifício? Silêncio irresponsavel? Se há mistério ma grandeza ignota, e se há grandeza em se criar mistérios. esta música existe para perguntá-lo. E porque se interroga e não a nós, ela se justifica e justifica o proprio interrogar com que se afirma não quintessência ela, mas raiz profunda daquilo que será provável ou possível como consciência, quando houver palavras ou quando puramente inúteis forem.

(Jorge de Sena, in Arte de Música, 1968)

sábado, 6 de setembro de 2008

Foi até a cozinha, pegou uma taça e o resto do vinho que havia esquecido em cima do armário, acendeu um cigarro e começou a pensar na vida, logo lembrou de um livro que há tempo havia lido.
Podemos começar... A primeira pergunta da carta "quem sou eu?"

Muitos filósofos dedicaram suas vidas para entender os por quês? A frase citada por Descartes "Penso logo existo" mas qual o sentido de nossa existência? Será mesmo o meio mais seguro de chegar ao conhecimento é seguir a razão como pensava Socrates? E os sentidos?

Lembrou-se por um instante da frase "A intuição nunca falha" principalmente as das mulheres.

Mulher é mais movida pelos sentidos e os homens pela razão? e se Sócrates tivesse TPM? Platão seguiu sua linha de pensamento em busca da racionalidade, não concordo e nem discordo cada ser pensa diferente independente do sexo. E as mulheres de Atenas ? Serviam de platéia?
O fato é, que somente existir não faz sentido algum, a busca do equilibrio faz a diferença nas nossas escolhas, já parou para pensar que por um instante sua vida poderia ser completamente outra, desde as coisas simples como a escolha do corte de cabelo até um simples "sim" como resposta de um namorado, carreira ou constituir familia? os dois? sim é possível. Pegar a mochila e entrar no primeiro ônibus, ou partir para outro lado do mundo? o importante é não temer o desconhecido, ficar indecisa se vira para direita ou esquerda se pensar muito pode bater de frente. Ficar lembrando da época de "Barfly" quando vc se identificava com estilo Bukowski de ser momentos de nostalgia faz bem mas não é para sempre;
O que faz tomar certas atitudes, a razão ou a intuição? Marx dizia que os filósofos sempre tinham tentado interpretar o mundo, em vez de tentar modificá-lo. A busca pela mudança é constante na vida de todos, muitos não param para pensar, apenas existem. Será que ao passar do tempo ao olhar para trás verá que nada foi como esperado? Foi intenso? Suspirou de saudade dos bons momentos ou apenas lamentos...
Comecei a ler Memórias de Minhas Putas Tristes, como seria eu chegar aos 90 anos e relembrar a vida isso se ainda tiver sanidade para isso!
Há momentos que penso, " o mundo inteiro deveria ver isso", imagino que muitos pensam igual, sim, é conhecimento por mais simples que seja é só observar os detalhes que algo de diferente irá perceber, e salve o paradoxal prazer de viver!!!